Nossas
capacidades, em geral, sempre estão
além e aquém
do que pensamos. Ora nos inflamos e cremos ter super-habilidades e ora fazemos
o menor dos menores, incapazes de fazer o mínimo.
Somos pêndulos, ora oscilando para um lado, ora para outro.
Entretanto, é expressivo a habilidade que temos de sairmos de
cinzas e ressurgimos, com novo fôlego
e vigor. A Fênix existe dentro de cada um de nós.
Mas, não quero ser otimista. Para renascer, é
necessário ir às
cinzas.
Quando
notava a aproximação da morte, a fênix
cantava melancolicamente. Uma música triste, que
acompanhava seu fim. E então, numa pira,
transforma-se em cinzas. Após esse processo, uma
nova e poderosa Fênix renascia, com força
capaz de carregar até um elefante. Símbolo
de esperança, a ave lendária
insinua para nós a força
que há não só
no vencer, mas na resiliência da perda. Não
são os primeiros os vencedores, não
são os mais fortes os aptos. São
os que reconhecem a necessidade do luto, da perda, da cinza.
Não
importa o quanto o mundo queira provar: a perda existe e é
necessária. Vencer não
é exatamente ganhar. É
renascer. Quando morremos, as cinzas precisam fazer companhia. O antigo Israel
se cobria de cinzas quando queria expressar tristeza; o momento de curtir a
dor, para o coro ficar forte, é necessário.
Lágrimas e dor são
adubo para nova força. Me indigno nessa
sociedade que, a todo custo, quer vender sorrisos, alegria e quinquilharias. E
esquece o quanto a perda fortalece.
"O
que não me mata, me fortalece.", diria Nietzsche.
Quero que minhas cicatrizes me lembrem de que lutei, e que perdi. Que passei o
tempo necessário nas cinzas. Não
choramingando pelos cantos, mas resoluto de que não
estou "perdendo tempo", como muitos dizem. Estou passando pelo
processo necessário. A mais bela das
paisagens só tem sentindo quando já
vi coisas horríveis. Minha força
só será força
de fato, se diante das minhas percas ela não
diminuir, nem aumentar... Mas, reflexionar numa ida e vinda, onde posso
reencontrar minhas assa e voar, novamente…
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