Autor: Augusto Cury
Páginas: 192
Editora: Benvirá
Ano : 2014
Classificação: 5/5
Sinopse: E se de repente você perdesse a capacidade de fazer aquilo que dá sentido à sua vida? E se fosse paralisado por seus medos? Alan Alcântara é um bem-sucedido neurocirurgião, que dedica grande parte de seu tempo à medicina. Cético e pragmático, não reconhece qualquer sinal de fraqueza em si e tem dificuldade em lidar com pessoas lentas. Sua vida profissional suga toda sua energia, e, apesar de amar sua esperta filha Lucila e sua adorável esposa Claudia, mal convive com elas. Pensa que o amor é algo incondicional e não precisa de cuidado... Durante uma cirurgia, no entanto, Alan é acometido por uma crise de pânico e não é capaz de terminar o procedimento, deixando a responsabilidade para seu auxiliar. Ele pensa estar sofrendo um ataque cardíaco, e não admite o diagnóstico - transtorno psíquico. Em hipótese alguma, seu mal-estar poderia ter origem emocional. Isso é para fracos, acredita o médico. Alan verá suas certezas desmoronarem diante da doença - que irá significar, em última instância, uma oportunidade rara de ele se reconstruir como ser humano.
Minhas experiências com os
livros do Dr. Augusto Cury têm me revelado que o autor constrói personagens
objetivando gerar identificação. É por meio desta identificação que ele leva os
leitores a explorarem seu eu. Dessa forma, o Cury evidencia claramente o propósito
das suas obras e mostra que, muito mais do que escritor, ele é um psiquiatra.
Logo, Felicidade Roubada honra seu
estilo e revela-se uma terapia escrita.
A história do protagonista
desse livro já me ganhou nas primeiras páginas, pois Dr. Alan é um
neurocirurgião completamente apaixonado e dedicado à medicina. Competente,
esforçado, inteligente, ambicioso e estudioso o personagem central dessa
história trabalha como se não houvesse amanhã. Embora ame sem medidas sua
segunda esposa, Claudia, e a filha do primeiro casamento, Alan de Alcântara
nunca tem tempo para elas e muito menos para si mesmo. Na verdade, todo o seu
tempo e energia são dedicados à prática médica. Para ele, tudo o que não
concerne a seu trabalho, por exemplo, descanso e lazer, não é prioridade e
muito menos algo digno de atenção. A excelência em sua carreira é o foco
central de sua vida.
“A história de dr. Alan é um retrato de que os seres humanos podem gastar muitíssimo mal não apenas seus bens materiais, mas também aquilo que não tem preço: seu tempo”.
A trama começa com um
acidente um tanto trágico de uma criança chamada Lucas. Por ser filho de um
grande e bem sucedido criminalista, Lucas é levado para um dos melhores
hospitais de São Paulo e, por exigência do pai, é operado pelo melhor
neurocirurgião: Dr. Alan. A narrativa, em terceira pessoa, prossegue
eletrizante e a partir dessa primeira cirurgia relatada passamos a nos
familiarizar com esse super-herói em forma de profissional da saúde.
Felicidade
Roubada começa a justificar seu título durante uma cirurgia, quando
o protagonista se vê tendo um ataque de pânico sob disfarce de um ataque
cardíaco. Após inúmeros exames constatarem que Alan não teve um infarto, o
drama começa. Extremamente racional e lógico, o poderoso médico não consegue
admitir que precisa de ajuda psicológica, e assim começa a descida veloz rumo
ao fundo do poço. É cruel, mas o drama ganha forma e se torna quase palpável,
assim sendo, sentimos as emoções a flor da pele e começamos, consequentemente,
a refletir sobre a nossa própria existência. Crise após crise, os momentos de
pânico passam a se fazer presentes constantemente na vida do neurocirurgião,
principalmente em suas cirurgias. Simultaneamente, a felicidade deste comum
protagonista começa a ser roubada e ele passa a ser enclausurado por seu medo e
solidão.
“Há um momento em que mesmo os mais fortes e previsíveis seres humanos penetram em ares nunca antes respirados, vivem inimagináveis capítulos da insegurança”.
O autor tem tamanha destreza
com as palavras que sou fã de sua escrita já não é de hoje. No entanto, Felicidade Roubada veio para me
surpreender ainda mais e ampliar a minha visão sobre a capacidade de escrita do
Dr. Augusto Cury, tendo em vista que ele criou nessa história um drama familiar
muito carregado de realidade e ao mesmo tempo de emoção. Os diálogos
construídos fazem-nos, ao lê-los, ver em nossa mente a família problemática do
livro como uma família real. Além disso, ao submergirmos na vida de Alan
mergulhamos também, juntamente com ele, no drama que lhe engole.
Consequentemente, o clímax do livro, ou seja, a terapia da mudança, também
abduz o leitor.
Bom, em relação ao livro em
questão só cabe acrescentar que ele é do gênero autoajuda, embora esteja sob
disfarce de um romance psicológico; em virtude disso, requer um pouco de
maturidade para ser lido e compreendido. Há muita psicologia por trás da
maioria dos diálogos, característica que pode ser interessante para alguns, mas
cansativa para outros. A minha indicação para quem nunca leu nada do Cury e não
é fã do gênero literário que ele usa magistralmente bem, continua sendo O Vendedor de Sonhos. Mas, aos
apaixonados pelos livros deste maravilhoso escritor brasileiro, creio sim que Felicidade Roubada seja uma ótima
aposta. Aliás, eu diria que, por criar personagens extramente humanos, uma
ótima aventura é procurar um título do autor para chamar de seu. Eu já
encontrei o meu!
Gostei da resenha, Beatriz. Já venho querendo ler esse romance do Cury há muito tempo. Já li quase todos os seus romances. Esse dizem que é um dos melhores. Eu fiquei na dúvida se leio ou não, mas agora com a sua resenha tenho certeza de que não me arrependerei. Ele parece seguir o mesmo estilo que todos os romances anteriores do cury. Abraços. ��
ResponderExcluirQue legal! Volte depois para compartilhar conosco a sua experiência. ;)
ExcluirOii!
ResponderExcluirEu li apenas um livro dele e já faz muito tempo (Treinando a emoção para ser feliz). Eu lembro que não gostei... tive a impressão que ele "rodava e não saía do lugar" (eu não entendia aonde ele queria chegar). Mas já pensei em dar uma segunda chance ao autor e ler algum romance. Esse parece uma boa opção!
Já que você gosta tanto dos livros dele... Estou vendo que preciso mesmo tentar de novo.
Ótima resenha!! Tem tanta gente assim como o protagonista, que coloca toda a sua energia em um único lugar!! Precisamos de uma vida equilibrada e firme em Deus.
Beijos!
Tem muita gente que não gosta dos títulos do autor pelo mesma razão que você, ou seja, por sentirem que o autor não sai do lugar. Creio que isso se dava ao fato de que os livros do Cury objetivam ser uma terapia. Logo, para quem não precisa de terapia, os seus livros passam a ser enfadonhos.
ExcluirComo você não teve boa experiência com o primeiro livro que leu dele, sugiro que dê uma nova chance lendo "O Vendedor de Sonhos". Pois, "Felicidade Roubada" tem muita "terapia", pode ser que te canse. ;)
Beijos.