Correspondência entre a Sra. Tartaruga e o Sr. Coelho


 
Antes do texto, um breve comentário: O escrito aqui presente é um texto antigo, de quase uma década. Porém, guardo-lhe o carinho desde que o escrevi. Provavelmente, este é um dos meus textos favoritos escritos por mim. A singeleza da escrita somada a inspiração num conto popular poderiam ser motivos para tal carinho. Ainda hoje, ele continua ressoando mensagens dentro de mim e, torço para possa fazer isso com você que agora o lê. Desejo profundamente que seja o primeiro de muitos outros. Um excelente 2018 a todos nós!

Caro Senhor Coelho:
Como estou lisonjeada por participar de uma competição de tão alto gabarito como um desafio atlético! E com um formidável adversário como o senhor. Devo dizer que quando recebi o desafio, não titubeei em momento algum. Um desafio assim não pode ser negado... Não em tal magnitude! Toda a floresta estará observando este maravilhoso evento. Espero fervorosamente que façamos uma bela corrida.

Devo confessar, entretanto, que muitos me consideraram louca por aceitar tal prova. Ao senhor compete a velocidade e a leveza; quanto a mim... Ah! Tenho um forte e pesado casco, o que me dá um andar característico, lento. Esses muitos que citei disseram que estou querendo ser envergonhada. Mal entendem eles que lentidão ou velocidade são características as quais a natureza, em sua sabedoria, nos deu. Porém, como ferramentas, tudo depende de como iremos utilizar. Veja, por exemplo, minha querida amiga preguiça: seus movimentos são lentíssimos, tanto que fazem eu me sentir rápida como uma lebre! Entretanto, nunca observei outro animal tão diligente e habilidoso em subir uma árvore; e também, não poderia deixar de citar: nunca vi alguém demorar tanto para degustar um folha de palmeira!

As limitações (e tenho certeza que ambos temos, reconheço a minha) estão em nós. São marcas que não podem ser negadas e, algumas vezes, nem superadas. Mas esse é o espírito da corrida: ir até onde estamos limitados, e em certas ocasiões, vencermos tais limitações. Poderia recusar o desafio, olhar para meu pesado e velho casco e dizer que perderei na certa. Veja bem: já tenho um não, porquê não arriscar pelo sim? Reconheço seu favoritismo. Mas também tenho lá meus pontos positivos, e eles são um guia para me planejar, usar de estratégias. Aos que não são agraciados com determinadas qualidades, o esforço se torna a melhor de todas elas.

É isso, meu caro coelho, o espero amanhã.
Boa corrida,
Sra. Tartaruga

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Sra. Tartaruga:

Espero ver você na linha de chegada... Depois de mim,é claro.

Boa corrida a você também (vai precisar)

Coelho.
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A conclusão e moral da história, creio que todos conhecem.

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