Resenha: Crenças Populares


Título: Crenças Populares
Autora: Samuele Bacchiocchi
Páginas: 368
Editora: Casa Publicadora Brasileira
Ano : 2012
Classificação: 5/5

Sinopse: 
Natureza da Bíblia, batismo infantil, predestinação, veneração de Maria, imortalidade da alma, vida após a morte, inferno, santidade do domingo...
Um número cada vez maior de cristãos questiona a autenticidade de suas crenças. Eles anseiam descobrir se aquilo em que foram doutrinados se baseia em ensinos da Bíblia ou se não passa de tradição. Este livro foi escrito com o desejo de ajudá-los a fazer distinção entre verdade bíblica e crença popular.


Crenças Populares é um livro escrito pelo saudoso teólogo adventista Dr. Samuele Bacchiocchi, falecido no ano 2000. A primeira vez que entrei em contato com seus escritos foi por meio de sua tese doutoral, defendida na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. A tese, intitulada From Sabbath to Sunday (Do sábado para o Domingo), analisa de maneira muito bem embasada como se deu a introdução do domingo como dia de guarda no cristianismo, em detrimento do sábado bíblico. A obra foi muito bem aceita pela banca (composta por cinco jesuítas) e rendeu a Bacchiocchi a medalha de ouro do Papa Paulo VI por conquistar o maior grau de distinção acadêmica da universidade.

Estimulado por sua tese, Bacchiocchi resolveu produzir uma obra com análises referentes a crenças cristãs de longa que não possuem base bíblica. Em Crenças Populares, o teólogo faz uma avaliação histórica e uma análise bíblica de oito dessas crenças sem base, demonstrando como elas se desenvolveram e por que estão erradas. O método utilizado por Bacchiocchi me pareceu muito agradável, pois ele é organizado e estrutura cada capítulo com introdução, avaliação histórica, exposição das diferentes hipóteses, análise bíblica, resumo e conclusão. É como ler um trabalho acadêmico (no que tange à organização), mas com uma linguagem mais leve e acessível.

As oito crenças populares expostas e analisadas no livro são: (1) Natureza da Bíblia, (2) A imortalidade da alma, (3) Vida após a morte, (4) Inferno como tormento sem fim, (5) A santidade do domingo, (6) Mariologia, (7) Uma vez salvo, salvos para sempre e (8) Batismo infantil. É difícil escolher qual capítulo mais apreciei, mas acredito que os três melhores e mais bem explicados são os que falam sobre a imortalidade da alma, a vida após a morte e o inferno como tormento sem fim. Os argumentos aqui dados para demonstrar a falsidade dessas ideias são fortes, refinados e muito claros. Um trecho dos muitos trechos interessantes é este:
“Ao passar em revista as alusões feitas por Cristo ao inferno (Geena), devemos primeiramente chamar a atenção para o fato de que nenhuma delas dá a entender que o inferno (Geena) seja um lugar de tormento sem fim. O que é eterno e inextinguível não é o castigo, mas o fogo. Já vimos anteriormente que no Antigo Testamento esse fogo é eterno ou inextinguível no sentido de consumir os cadáveres completamente. Tal conclusão recebe o apoio de Cristo quando adverte para não temer seres humanos capazes de matar o corpo, mas temer ‘Aquele que pode fazer perecer no inferno [Geena] tanto o corpo quanto a alma do corpo’ (Mt 10:28). A implicação é clara. Inferno é o lugar do castigo final, que traz como resultado final a destruição de todo o ser, corpo e alma” (BACCHIOCCHI, Samuele. “Crenças Populares”, p. 153).

O capítulo sobre a santidade do domingo, a meu ver, deixa um pouco a desejar quando o comparamos a sua tese doutoral sobre o mesmo assunto. Não é que o capítulo cinco do livro esteja ruim, mas parece-me que quando Bacchiocchi resumiu os argumentos de sua tese para formular este capítulo, não conseguiu fazer um resumo que expressasse bem a magnitude de sua obra anterior. O capítulo é bom, mas sua tese é muito superior. Talvez a discrepância se justifique pelo espaço. “Do Sábado para o Domingo” possui pouco mais de 200 páginas. O capítulo cinco de Crenças Populares conta com pouco menos de 30.

Indico fortemente a leitura de Crenças Populares e das demais obras de Bacchiocchi. Em breve, devo postar uma resenha sobre sua tese “Do Sábado para o Domingo”, e (se eu conseguir a aquisição) da obra “Imortalidade ou Ressurreição”, também dele.


 

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