Sabe,
ela começou a dizer...
Hoje,
ao sair do curso, vi um passarinho no chão. Desesperado, tentava voar mas não conseguia. Com muito
custo consegui o pegar e, enquanto ele estava na minha mão, tentei descobrir o
que estava impedindo-o de voar. Foi então que comecei a pensar no quanto me
sentir acolhida, segura, protegida depois de um momento de desespero pode me
ajudar a voar novamente, como ocorreu com o passarinho que saiu da minha mão. Fiquei pensando o
quanto queremos desesperadamente resolver, alcançar, alçar voo, mas precisamos
nos encolher e deixar ser cuidados.
E
lá estava ela, aquela
linda moça que conquista meu coração a cada dia, me
encantando de novo. E por quê
encantando? Porque ela me inspira a escrever, a pensar junto – e isso é magia, da mais
poderosa: a magia de compartilhar pensamentos e inspirar. Só as mais poderosas
pessoas conseguem tal poder, que no segredo profundo guarda a sua essência: o amor.
Somos
durões – ou queremos passar
essa impressão
para todo mundo. Não
choramos, nem ficamos confusos ou tristes, estamos sempre alegres e prontos
para ajudar. Ou prontos para fazer, para resolver, alçar voo... A palavra
desesperar não
parece harmonizar com a palavra esperança. Ao contrário, lhe cabe apenas o papel de antítese; posso propor que
façamos dialética? A esperança, essa atitude de
esperar, nasce no momento em que abandonamos algo, isto é, desesperamos desse algo. Des-esperamos, ou deixamos de esperar para abrir espaço para um esperar de
outra qualidade: o ser cuidado.
Cuidado
envolve quem cuida e quem será
cuidado. Cuidar lembra de um estado de fragilidade, de impotência, de carência de algo ou alguém. E, num mundo de
poderoso, tal como Pessoa diz, “só vemos príncipes” – e o cuidado clama para ver homens:
Ó
príncipes,
meus irmãos,
Arre,
estou farto de semideuses!
Onde
é que há gente no mundo?
Ser cuidado está na postura de abandonar
a dureza e permitir que outro alguém veja nossa fragilidade. Veja nosso terrível machucado com todas
as gases mal arrumadas que tentamos, inutilmente, colocar para estacar o
sangramento. Envolve deixar o orgulho de lado – essa qualidade que, mesmo que
pouco engessada, se torna armadura – e entregar-se, ou des-esperar de si, para
esperar no carinho do outro: esperança.
Cuidemos para que possamos ser cuidados.
Cuidemos para que tenhamos ao nosso redor
pessoas como essa linda moça
que faz magia e encanta o meu coração. São essas as mais indicadas para fazer bons curativos.
Experiência própria.
[1]Palavra do idioma Alemão usada pelo filósofo Martin Heidegger para indicar que o homem é "cuidado", porque ele "cuida" ontologicamente de si mesmo e dos outros entes, deixando-os aparecer.
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