Autora: Tessa Afshar
Páginas: 360
Páginas: 360
Editora: Bvbooks
Ano : 2017
Classificação: 4/5
Sinopse: A prima do profeta Neemias foi subitamente introduzida no meio da corte persa - trabalhando longas horas, tendo contato diário com a realeza e tornando-se a escriba favorita da rainha. Nada mau, para uma mulher que vivia num mundo de homens. Mas um passado devastador fez com que Sara acreditasse que Deus não a amava, e que as suas realizações eram a medida do seu valor - uma medida que ela nunca conseguia corresponder. Dário Pasárgada estava acostumado a fazer tudo à sua maneira. Um aristocrata rico e admirado, a última coisa que ele esperava era um casamento arranjado com a escriba da rainha, uma mulher inteligente que o desprezava. Será que duas pessoas diferentes podem ajudar uma a outra a vencer os ídolos que as mantêm cativas?
Colheita
de Rubis é o tipo do livro que todo leitor ama: dramático,
envolvente e romântico. Durante as horas que passei imersa em sua trama fui
tomada por aquela sensação que os bons livros produzem na gente, ou seja, de um arrebatamento
para outra realidade. Assim, foi delicioso ler o primeiro volume da duologia Colheita, como também descobrir que
Tessa Afshar é incapaz de decepcionar suas leitoras.
A história ambientada em 421
a.C, tem a sociedade síria como pano de fundo, na qual Artaxerxes é rei da
Síria e Neemias, personagem bíblico, é o copeiro real. A narrativa apresenta
Sarah como protagonista, uma jovem judia, órfã de mãe e com um relacionamento
complicado com o pai. A moça carrega inseguranças e um grande complexo de
inferioridade, características que me sensibilizaram e comoveram do início ao
fim. Foi fácil ser cativada por essa personagem, tão atrapalhada e destituída
de habilidades domésticas, mas, ao mesmo tempo, guerreira, humana e sempre
esforçada para provar aos outros seu valor. Foi surpreendente dar-me conta de
que mais do que uma mocinha de romance histórico, a autora da obra trouxe à
tona um viés psicológico acompanhado de um drama familiar.
Eu sabia que se eu me mostrasse útil de alguma forma, eu poderia ser aceita. Talvez ainda valorizada. Mas no fundo, eu também sabia que, exceto pelos meus talentos linguísticos e administrativos, eu tinha pouco a oferecer. Eu custava mais do que valia. E queria, com todas as minhas forças, esconder este segredo dos outros por tanto tempo quanto fosse possível.
Sara, desde a adolescência,
revelou-se exótica em sua essência. Embora viva num contexto onde a mulher é preparada para ser esposa e mãe, ela sonha em ser uma escriba como o pai e vê o
casamento como uma ideia inconcebível. Essa protagonista inteligente, esforçada
e à frente de seu tempo aprende de forma autodidata a ler e escrever. Aos
poucos, esses hábitos tão incomuns começam a aproximar pai e filha, de forma
que a protagonista vê uma oportunidade de ser reconhecida e amada.
Assim, por ser uma mulher
incomum, Sarah acaba por se tornar a escriba da rainha síria. Por conta disso,
seu contexto de vida muda radicalmente, pois agora a protagonista passa a viver
imersa num ambiente real, cheio de trabalho, convenções e intrigas. Ao longo da
história acompanhamos o desenrolar de um mistério, os dramas psicológicos da
mocinha e o início de um romance.
Foi muito gostoso acompanhar
a vida de Sarah, sua evolução como pessoa, suas dores e angústias; tudo escrito
em primeira pessoa e numa linguagem fluida. Aliás, vale dizer que o centro do
livro não é o romance, mas sim a vida da protagonista e o seu desenvolvimento
como mulher. Em virtude disso, quem espera um romance arrebatador nesse primeiro volume da duologia Colheita pode se decepcionar. Mas, volto
a falar que a leitura vale a pena, principalmente pelo caráter cristão do
livro, pois em Colheita de Rubis
Tessa Afsher nos mostra, através de sua ficção, como um relacionamento difícil
com o pai terreno pode criar uma barreira emocional frente à comunhão com Deus
e o amor a Ele. Sem dúvida é um livro edificante, embora traga uma alta dose de
entretenimento às leitoras.
Finalmente lembrei-me de me agarrar ao Senhor e à Sua misericórdia. Cada vez que um sentimento de medo avançava contra os meus pensamentos eu voltava minha atenção para o Senhor, em vez de perseguir as trilhas das minhas fantasias perturbadoras. Em vez de entreter os meus medos, concentrei-me em Deus.
Eu gostei muito, muito mesmo
de Colheita de Rubis. Para mim os
personagens foram bem construídos, tal qual a história, embora reconheça que a
escrita da autora ainda careça de um pouco de amadurecimento enquanto
romancista. Mas, no geral, o livro é uma ficção que faz bem à mente e ao
coração e que, de quebra, é envolvente. Penso que seu público principal é o
feminino, principalmente adolescentes e jovens mulheres. No mais, devo dizer
que se você gosta de romance e de livros leves, então certamente irá
apaixonar-se por esta obra. Recomendo!
Nota: Colheita de Rubis é uma ficção com embasamento
histórico, mas que passa longe da história bíblica trazida no livro de Neemias.
Aliás, a Sarah criada por Tessa Afshar não existe na Bíblia. Além disso, nesse
primeiro livro da duologia Neemias é um mero coadjuvante que aparece
pouquíssimas vezes durante a narrativa.
Oi, Bia!! Parace bem legal!
ResponderExcluirEu gostei de "Pérola na Areia", da mesma autora. Esse deve ser bem interessante também!
Interessante isso:
"mostra, através de sua ficção, como um relacionamento difícil com o pai terreno pode criar uma barreira emocional frente à comunhão com Deus e o amor a Ele"
Beijos!